terça-feira, novembro 28, 2006

POR FAVOR, tirem-me as facas e escondam o meu cachimbo de palha

Por absoluta falta de paciência para com a Jornalista Fatima Campos Ferreira - porque ela fala mais do que a boca, modera de menos, esgoela-se exageradamente perante alguns participantes e, sobretudo, porque não estuda bem os temas que pretende sujeitar a discussão (como exemplificarei) - não sou telespectadora do programa "Prós e Contras" da RTP.
O defeito é, exclusivamente, meu, e tenho feito muito mal - é que, foi graças à sessão de ontem deste programa que, finalmente, compreendi e aceito sem hesitar algumas das motivações dos "serial killers", aguçando a minha sensibilidade para este tipo de problemas sociopatas; vou-lhes contar porquê:

Começo pelo título do tema do "Prós e Contras" de ontem - "O futuro do ensino superior", o mote das perguntas mais frequentes sobre o tema [ "Quem manda no Ensino Superior? Quem o avalia? Como é acreditado? O que significa hoje a autonomia das Universidades? O que pensam os professores e os alunos?....Que futuro para o Ensino Superior em Portugal?"] e o estranhíssimo e exótico leque dos intervenientes seleccionados pela produção e a ordem em que os cito não é arbitrária - A Jornalista; o Ministro da Ciência Tecnologia e do Ensino Superior, o Senhor Reitor da Universidade de Lisboa, o Presidente do CRUP, o Professor Moniz Pereira, sortidos Senhores Reitores das Universidades Portuguesas (nas filas da frente do auditório), o Senhor Presidente do CCISP (de raspão e por ali). E, como convidados (?), o Senhor Professor Adriano Moreira e três presidentes de associações de estudantes universitárias, penso que apenas um deles era presidente de uma federação - é que para discutir, imparcialmente, o tema não foram chamados a intervir pela Senhora Jornalista, e equitativamente, os representantes do ensino superior. Porquê? Distracção? Simples má preparação do debate? Ou, instruções coercivas? Qualquer das alternativas desvalorizou-lhe muito o esforço e o gasto do seu decidido transito pelo auditório.

Para além do Senhor Ministro que, pressupostamente, deveria expressar os diversos subsistemas, foram chamados, melhor, foram autorizados a seu gosto, pela Senhora Jornalista, a intervir no debate, apenas um representante das universidades públicas - o Senhor Presidente do CRUP e uns dois professores que não percebi o que representavam ali, a não ser - a sua universidade, no caso do Reitor da ULisboa ou, quanto muito, a si mesmos. Não percebi o destaque dado pela produção a estas duas figuras - mas isso é ignorância minha - e de qualquer forma o que este conjunto não representou de forma nenhuma, e ainda bem, foi o Ensino Superior Português, como se segue:

Número total de alunos inscritos e (%) no ensino superior em 2004/2005:
Ensino Superior Particular e Cooperativo Politécnico: 31 507; (8.43%)
Ensino Superior Particular e Cooperativo Universitário: 56 635; (15.15%)
Ensino Superior Público - Militar e Policial Politécnico: 356; (0.10%)
Ensino Superior Público - Militar e Policial Universitário: 1 352; (0.36%)
Ensino Superior Público Politécnico: 107 962; (28.88%)
Ensino Superior Público Universitário: 165 866; (44.36%)
Universidade Católica Portuguesa: 10 213; (2.73%)
Número de docentes no ensino superior público:
7 892 no Politécnico, e 12 549 nas Universidades.

Na prática, entre várias atitudes da Senhora Jornalista que não me pareceram a propósito, ela ordenou ao Senhor Presidente do CCISP que calasse a boca para não fazer o programa perder tempo, quando ele tentou iniciar, e muito bem, a sua explicação sobre a representatividade do subsistema politécnico, e das dificuldades do subsistema em aderir, por exemplo, a Projectos de investigação - teria toda a razão em chamar a atenção para esses aspectos - e basta dizer-se (porque ele não teve oportunidade) que, em cada ano, apenas uma média de 5% do financiamento atribuída pela FCT a Centros de Investigação é dirigida a 8 centros de politécnicos (num universo astronómico de 466 centros-em 2006) dos quais apenas dois têm classificação de excelente (classificação essa, já antiga - 2003). Ou seja, penso que ele iria dizer que, depois de ter sido um subsistema sistematicamente preterido, neste campo, nos últimos dez anos, seria difícil adaptar-se ao necessário incremento da comparticipação privativa para o sustento básico da larga maioria das escolas/instituições do subsistema - mas a Senhora Dr.ª Fátima cortou-lhe as vazas! Quanto a mim, o Senhor Presidente do CCISP até foi muito corajoso, por mim, teria deixado ali o pessoal a falar sozinho sobre os 44% do ensino superior.

A Senhora Jornalista também "se esqueceu" que existem associações e federações politécnicas de alunos e, por isso, decidiu que se ouvisse a opinião de parte dos alunos de ensino superior - os outros alunos não têm voz, por isso... preferiu ouvir um Presidente de uma pequena associação de estudantes de médicos dentistas (que até esteve muito bem) do que dar trela, por exemplo, a opinião de uma Federação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (em representação de cerca de 100,000 mil alunos).

Perante o programa propriamente dito, tenho a salientar a generosidade do canal público, porque viabilizou, gratuitamente, propaganda institucional e pessoal do Senhor Reitor da Universidade de Lisboa (pensei que ele já fosse mesmo reitor, mas deve ainda estar em campanha, ou actua por inércia....): "a minha universidade anda a estudar 'para Bolonha', já desde 1998" (só 9 anitos de atraso), "o meu centro de investigação que, por acaso, até é "excelente"..., "há muito que EU digo isto e aquilo..."a internacionalização" de que EU sou fã..."....e patati,... patatá...", "EU defendo a aplicação do mesmos pesos e da mesmas medidas"..., e.... "o Senhor Ministro, que é o responsável, pelas políticas, não fez nada"! (deixando ao povão depreender, que ninguém mais tem nada a ver com isso - A culpa é TODA SÓ DELE!!!). Deus me livre e guarde de desatar (agora) a defender o MCTES - mas tenho, a respeito destas frases, já ditas para o jornal Público de ontem, que dizer "Pudera!". Os seus MAIS DIRECTOS CO-RESPONSÁVEIS PELA TOTAL AUSÊNCIA DE POLÍTICAS VIGENTES NA EDUCAÇÃO TERCIÁRIA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA NACIONAL, eventual e hipoteticamente, também os mais próximos cooperadores, só reclamam das próprias desgraças institucionais e de orçamentos, ou da falta de critérios para se estabelecerem financiamentos e protocolos do MIT, da CMU da UTA, e de TUDO! É que: "mais vale só do que....".
Então meu Senhor (Reitor), e em tudo o mais em que houve falta de critérios? - vou insistir neste blog - E, a Atribuição de Financiamento para OTICs (~250,000 Euros em três anos/instituição "premiada por nada") e a Atribuição de Financiamento para as avaliações institucionais pela EUA (30,000 euros por instituição "premiada por nada") - aqui houve critérios? Também não houve! No entanto, não vi nenhum dos Senhores Professores ali presentes, enquanto beneficiados institucionais reclamarem da falta de transparência desses e de muitos outros processos; só os vejo agora "arengar" sobre critérios, porque também só agora o MCTES entendeu que os seus interlocutores para os protocolos internacionais seriam alguns dos centros de investigação e não as universidades - mas se acharam assim tão mal essa metodologia do Senhor Ministro, porque é que correram todos a assinar os protocolos? Questões de protecção de DNA reitoral? Sabem que uma "E. coli" não faria pior em prol de um seu plasmídeo?

Aliás, nunca vejo esses Senhores, realmente, preocupados em sugerir ao país, por exemplo, uma proposta de redacção mais adequada de lei de autonomia, ou de Estatuto de Carreiras Universitárias (e, já agora, também de Carreiras Politécnicas, Senhor Ministro) um organograma eficiente de governação das instituições, um projecto de rede para o ensino superior, uma estrutura global do contingente das diversas formações superiores que considerem mais pertinente, um plano integrado para concurso a projectos internacionais que permitam ao sistema reforçar a componente financeira externa da investigação, dos míseros 5% em que se tem situado,...etc., etc..., etc..
Falaram que fizeram uma lista de designações de cursos, lembram-se dela? Por acaso até me lembro e, francamente, até dei razão ao senhor ministro - estava muito incompleta, muito mal feita e deixava o verdadeiro problema - excessiva oferta de formações e de vagas - totalmente, fora da órbita de resolução!
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Por este andar, vou acabar por concluir que Portugal não precisa de um ministro destas pastas, precisa é de um ou mais arcanjos/santos de topo hieráquico da carreira celestial.

Quanto ao programa, não mereceu a pena a noitada, só serviu para me irritar muito e com todos eles menos, é claro, com o Senhor Professor Adriano Moreira - a quem invejo a paciência para as trapalhices e aselhices, e com os alunos - com quem partilhei as dúvidas e incertezas com que, certamente, todos ainda ficámos.
Falando nisso, hoje, fico por aqui! Antes que saia, por aí, fumando o meu cachimbo de palha (pé de guerra de algumas tribos indígenas - Piauí e Paraíba) e, por favor, escondam-me as facas!.

domingo, novembro 26, 2006

Mais vale nunca que cedo!

Hoje, chamaram-me a atenção para um artigo de opinião - publicado no Jornal de Negócios "online", datado de 23 de Novembro, de 2006 -com o título "Ricas universidades" de Sérgio Figueiredo; no meu entender, penso ser a primeira vez que vejo ser formalmente descrito em letra de forma, na comunicação social e em poucas palavras, o que seria necessário há muito tempo ser dito, redito, e resolvido mas não por ela, a respeito do que acontece(eu) no Ensino Superior em Portugal.
Não conheço o autor, nem acompanho o seu trabalho mas quanto a este seu artigo penso que, para mal de todos nós, tem carradas de razão, nas observações que fez, em especial nestes extractos:
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"A política pode não atacar demasiado o "status quo" para não criar mais anti-corpos. Mas também não deveria evocar a crise orçamental como pretexto para pôr as universidades na ordem.
Primeiro, porque ainda que o Estado português vivesse em superavite crónico, o problema tinha de ser atacado. Segundo, porque qualquer análise séria obriga a concluir que a situação a que chegou o nosso sistema de ensino superior é tão calamitosa como a das contas públicas."
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"Quem comparar a universidade com a realidade das nossas empresas, não tem a certeza onde é pior a situação. Mas duas coisas são certas. Uma é que não existe uma empresa em Portugal com tão grande número de pessoas qualificadas como as universidades.** Quantas contam com meio milhar de funcionários licenciados nos seus quadros? Uma? Duas?"
A outra verdade inquestionável é sobre o destino certo das medíocres e incompetentes: a empresa abre falência, a universidade pede reforço de verbas."
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** - Efectivamente, em 2004-2005 encontramos 9 Universidades (e também 5 Politécnicos), com mais de 500 docentes (só incluí os docentes) com formações iguais ou acima do grau de licenciatura; de facto, seria de esperarmos muito mais eficácia no planeamento de actividades e da sua orçamentação, ao nível do ensino superior, e em qualquer dos dois subsistemas.

sábado, novembro 25, 2006

Pragas ruins e Santos Fortes

"o temo nem isso, nem que o aquecimento global submirja todas as instituições do ensino superior com a subida do nível das águas do mar"
Os terrenos de uma instituição de ensino superior começaram já a alagar, em menos de 24 horas depois de proferida a profecia, e o mar ainda não subiu, foi só o céu que desceu - não foram coisas de S. Pedro nem de Umbanda, foram coisas de S. Cosme, S. Damião e S. Benedito da ala das pragas ruins do Candomblé....
Não sei se os meus c(r)aros leitores serão como eu: lá acreditar em poderes especiais de Éxu, eu não acredito... mas,... também não abuso... e há quem diga que é muito capaz de ter morto ontem o pássaro que voava, com a pedra que lhe for atirar só amanhã...
Será?
Ou seremos nós é que temos tendência para acreditar?
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Prevenindo alguma coisa, vou iniciar "um despacho para esconjurar e livrar do encosto":
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"Salve esta Terreira e salve este congá
Baixe a nossa cabeça nosso chefe já chegou
Brilhou um clarão no céu
Ah meu Deus o que será?

É o Cacique Pai Ogum
Que chegou pra trabalhar
Obedeça ao chefe
Obedeça ao Cacique
Pró Pai Ogum nem nada vai vacilar!"

"Seus caminhos estão trancados
Foi seu povo quem trancou

Saravá povo de lei
Saravá meu Pai Xangô
"
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"XANGÔ É REI DE YORUBÁ!
XANGÔ É REI DA PEDREIRA!
XANGÔ É REI DOS ASTROS!
XANGÔ É REI DA TERREIRA"
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quinta-feira, novembro 23, 2006

Eu Não Quero Acreditar! Mas, até precisaria de um tradutor de "MCTÊS"

Apesar de continuar às voltas de consequências de corrosão, que me tiram muito tempo, sono e sossego, não resisto a registar o que me vem acontecendo nestes últimos dias mais precisamnente no dia 21 e hoje, há uns quinze minutos.
Pela segunda vez, nesta semana, fui acometida de uma séria crise de incertezas - vagueando pela blogosfera, apesar da infinidade de cibernautas que aí circula, acabamos sempre por saber bem em quem confiar.
Mas, sinceramente, Eu Não Queria Acreditar, no significado do que estava descrito numa página da blogosfera, a ser verdade, para mim só podia comprovar a existência de pessoas que se julgam na estratosfera da elite pensante e racionalizante da nação, mas detentoras de uma sensibilidade intelectual e humana de fazer o Zircónio ficar com o ego reduzido a pó de giz, por isso é que duvidei. Fui confirmar...
Fiquei a saber do lançamento do Relatório da ENQA:"Quality Assurance of Higher Education in Portugal An Assessment of the Existing System and Recommendations for a Future System." Tudo estaria muito bem, porque este relatório decorreu de uma metodologia explicada pelo MCTES, com muita antecipação e definido por Despacho Específico - Despacho 484/2006, sobre a avaliação internacional do sistema de Ensino Superior, de 21 de Novembro de 2005 - e, na altura, fazia algum sentido, mas tanto quanto percebo há, pelo meio, uma entidade nacional de avaliação do ensino superior (CNAVES) que integra pessoas respeitabilíssimas, e que melhor ou pior, fez o que pôde e sabia, mas cuja actividade parece ser agora posta em causa.
Claro que, o que é criticado pela ENQA não são as pessoas, mas sim os resultados dos seus esforços; mas havendo pessoas, pelo meio, mandam as regras básicas da ética que fossem dos primeiros a saber de todo o conteúdo do relatório fosse bom ou menos bom, e não a serem informados simultânea ou, até posteriormente, à comunicação social.
Este nosso MCTES faz e diz coisas, que torna muito difícil acreditar-se que ele é também um Engenheiro do IST - o respeito institucional, a ética, os requisitos básicos de educação e as qualidades pessoais de relações humanas passam-lhe sempre ao largo; e pensar que ainda há pessoas que acreditam que ele é um "animal político inteligentíssimo "...bom, quer dizer...., eu não diria assim taaaanto!
Voltando, ainda, ao relatório da ENQA, li-o!
Tropecei logo na página 13, ponto 2.1 (a acentuação do texto é minha) - "MCTES drafted the terms of reference (see Appendix 1) and negotiated the contract with ENQA"- fui tentar perceber "os termos da encomenda do trabalho" no tal anexo, e fiquei, exactamente, como eles, não se percebia nadinha do que é que o Senhor queria efectivamente encomendar, o que justifica a frase seguinte do relatório: "In addition, the chair of the panel and the review secretary held a meeting with MCTES before commencing the review process to clarify outstanding issues and questions", para arrematarem de seguida: "MCTES was not involved in the review process as such, but provided logistical support in relation to the site visit."
Pelo menos, livram-lhe a cara, como ministro... comecei logo a pensar que, afinal, até acabou por se tornar numa empreitada descomunal, e até baratinha...

Andava eu ainda a interiorizar o texto do dito Relatório da ENQA, e a acompanhar à distância o que se passava neste capítulo, e eis senão quando, li também na blogosfera que o MCTES teria dito no jornal Público: "Não temo nem isso, nem que o aquecimento global submirja todas as instituições do ensino superior com a subida do nível das águas do mar".
Mais uma vez não acreditei, e fui confirmar, e... no público de hoje, isso ???!!!!! está mesmo por escrito.
Se calhar falha-me a interpretação correcta/tradução oculta dessas palavras tão pacificadoras.....
É por isso senhor Ministro, que "até debaixo de água" também lhe digo: enfim, estamos perante um MCTES consistente, combativo e inabalável nos seus peculiares propósitos, credos e valores, e que irá conduzir todo o sistema de educação terciária, ciência e tecnologia portuguesa quiçá o próprio país, a avançar com os pés bem firmes no chão... e,... ah!...e com as mãos também!




domingo, novembro 19, 2006

Externalidades da corrosão

Por razões que não vêm ao caso, ultimamente, tenho dedicado um pouco de atenção à multiplicidade possível das suas origens e ao manancial de consequências inquietantes da corrosão - sabemos também que a corrosão, como todos os problemas sérios, é controlável recorrendo a soluções técnicas, conceptualmente, até simples se efectuadas, preventivamente, com base em leis e regras fundamentais.
Também registei que uma larga maioria das catastróficas ocorrências decorrentes corrosão se explicam pela incapacidade de gerirmos correctamente a sua prevenção ou correcção atempada, o que é o mesmo que dizer-se ""erro humano"" atribuível à inconsciência, à displicência ou à intencionalidade - não será mais ou menos isto que se passa com as políticas de gerência da nossa educação terciária, ciência e tecnologia em qualquer dos subsistemas?
Por exemplo, até eu que sou desligada, já estranhei neste "blog", em 25 de Outubro (post "as manhãs difíceis das noites ao luar") que não sejam dadas novas, nem "mandadas", nem alvíssaras sobre as dezenas de propostas de mestrado do subsistema politécnico. O Senhor Presidente do CCISP a 16 de Novembro também declarou para a comunicação social que nesta situação indefinida se encontram 84 mestrados -????! É muita coisa para se alegarem "esquecimentos"....
Se, à primeira vista, considerarmos a multiplicidade de mestrados já oferecida pela subsistema universitário, parece ser irrelevante o que quer aconteça às propostas de mestrados pelo politécnico... a verdade é que não é bem assim, porque:
1º - Se existiam/existem cursos de licenciatura bietápica com 4 e 5 anos nos politécnicos, e considerando o nosso folclore, melhor a nossa etnografia social, podemos pensar que uma boa parte dos alunos que se tenham matriculado no primeiro ciclo da licenciatura teriam de alguma forma a expectativa de algum dia concluírem o 2º ciclo dessa mesma licenciatura bi-etápica --em 2004/2005 (pré Bolonha) ofereceram-se 484 Cursos, proporcionando um total de 14.292 alunos inscritos pela primeira vez, nestas formações; a redução de tempo de formação, após adequação das licenciaturas bietápicas, ocasiona que as competências que anteriormente eram potencialmente atribuídas foram muito prejudicadas.
2º - A maioria das instituições politécnicas resolveu, e muito bem, atender às expectativas dos seus alunos e gastou tempo a planear as suas propostas de formação ao nível do 2º ciclo, tendo-as entregues até 31 de Março de 2006. Como foram elaboradas 84 propostas, com certeza que não foi exagerada a oferta de mestrados dos politécnicos, e fariam muito bem face a cerca de 1680 vagas de acessos a mestrados (até agora - 15 de Novembro, as vagas beneficiariam apenas ~12% das potenciais entradas nas formações iniciais politécnicas) e não chegando a 8,0% do contingente total de alunos matriculados no 2º ciclo deste subsistema nesse ano lectivo.
3º - Admito que nem todas as propostas reúnam as condições necessárias ao cumprimento legal dessas intenções. Mas, francamente, não podem ser não aprováveis todas as formações de mestrado propostas pelos politécnicos (extensões "avançadas" de formações iniciais de três anos)! E, muito sinceramente, o que não podem é permanecer "per ómnia sæcula sæculórum" como propostas "isentas de despacho" ou com "despachos confidenciais" - os alunos e os encarregados de educação precisam de ser informados, para não falarmos das instituições proponentes!
4º - Admito que, para a verificação das condições instrutórias das propostas e da sua apreciação pedagógica/científica haja necessidade de tempo. Mas, já lá vão oito meses!!!!??? E, ...nada?!
Daqui a pouco teremos que começar a pensar nas comemorações e nos bolos de 1º aniversário...
5º - Admito que o "check-list" instrutório seja razoavelmente simples de ser verificado e, por isso é um procedimento rápido, mas se o atraso resultar do facto de ser exigível uma avaliação científica-pedagógica já me soa mesmo muito esquisito. Eu explico:
Quando foi da altura da implementação das licenciaturas bietápicas instituíram-se equipas de apreciação, cujos elementos eram concorrentes uns dos outros. Penso eu, que se deve ter optado pela máxima de "uma mão lava a outra..." e com isso chegámos às complicações dos dias de hoje - se bem que, por norma à época, os cursos de licenciatura bietápica eram só autorizados se não implicassem acréscimos de custos...?!?!?
Actualmente, essas equipas também existem?
Se essas as equipas de concorrentes-juízes não existem, porque levam então tanto tempo a serem emitidos os veredictos sobre essas propostas?
Se as equipas existem, só podem ser nacionais - as propostas não foram todas elas redigidas em Português?? - e aí percebe-se muito bem a Infinita Eternidade de todo o processo...
Se, efectivamente, foram mais uma vez constituídas equipas avaliadoras de concorrentes-juízes é inadmissível, porque actualmente, actuam em condições de competitividade incomensuravelmente mais renhida. Neste caso, as equipas não servem para nada, a não ser para "empatar" - e, se for este o caso, dou-lhes um 20 na escala 0 a 20, - o seu trabalho de "empatas" atingiu a perfeição!
Antes porem não deveria, por analogia, aplicar-se a legislação da concorrência nacional e europeia, também a estes casos?
Mas, com isto tudo, quem ganha?
5.1 - Algumas instituições universitárias ganham?
Sim! - porque auferem de lambuja candidatos aos seus mais do que muitos mestrados, a partir daqueles alunos que não poderão prosseguir os seus estudos em instituições politécnicas, apesar de em alguns casos (não serão muitos, é verdade, mas existem!) até reunirem muito melhores condições de formação nas suas instituições iniciais. Atenção que, este preciso "ganho" não é provisório - é definitivo! E, é definitivo porque digam-me o que fará um aluno matricular-se futuramente no subsistema politécnico para depois se ver forçado a transitar para outro subsistema? Não deverá logo começar pelo princípio, sem ter que, previamente, ficar de molho "num outro alguidar"? - quer dizer basta um ano nestas condições, para se inviabilizarem as admissões ao 2º ciclo de formação no politécnico e, pior, a afectarem gravemente o interesse de muitos alunos em sequer frequentarem o primeiro ciclo do subsistema..., a não ser em casos muito particulares.
5.2 - algumas instituições politécnicas ganham?
Sim, porque enquanto não estiver nada definido serão todos, igualmente, prejudicados e a qualidade das suas formações serão, equitativamente, postas em dúvida. Também, será sempre mais difícil uma intervenção política organizacional de espectro de aplicação geral...
5.3 - a tutela ganha? Oh! Sim, sobretudo, a facção dos "shifts" orçamentais porque pode sempre alegar-se, e bem, que não se está propenso a financiarem-se formações que não são, efectivamente, disponibilizadas com a "qualidade" mínima exigida - seja lá o que isto for - sobretudo, se precisarem de fazer outros investimentos preferenciais, como é o caso - seja lá no que for.
E, com isto tudo, quem perde?
5.4 - os alunos perdem?
Sem dúvida, porque muitos poderiam, em alguns casos, beneficiar de formações de excelente qualidade, adequadas, e ajustadas ao exercício profissional efectivo, sem se verem obrigados a mais uma adaptação, sem auferirem de vantagens evidentes!
5.5 - o país perde?
Sem dúvida, porque vai vivendo sem garantias das formações que paga, e pagando por vezes muito mais caro por serviços que...a bem dizer,....mas,... não digo!
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O que é que quero eu dizer com esta "arenga" toda?
Muito simplesmente que: continuamos todos a fingir que não existem oportunismos, e continuamos a pagar excessivamente caro por eles - prejudicamos instituições que se preocuparam sempre, seriamente, com as formações oferecem e até empenhamos o futuro de "milhares de jovens" ou, tal como mostra a imagem deste "post" de uma consequência BENIGNA da corrosão, o caudal (neste caso da educação - o financeiro) que entra nessa jarra serve só para esbanjar, sem que ninguém efectivamente o aproveite!
Mas, como dizemos todos ou como, pelo menos, todos deixamos dizer - "o governo" (seja lá quem for) que pague as contas, aliás, não serve mesmo para mais nada!

domingo, novembro 12, 2006

Priiiii!!!....Priiiii!!!....

A imagem à esquerda mostra-nos um apito, e é dourado.
Como todo o futebolista de poltrona que se preze, gostaria de ter poderes para arbitrar o jogo de racionalização da rede de ensino superior que se diz, nos bastidores, anda a ser rapidamente preparada, e também no aconchego discreto da ala de serviços do MCTES.
Gostaria ainda mais de saber expressar bem as minhas críticas e, muito especialmente, com o discernimento e a elegância manifestados nos últimos dois apontamentos expressos na página de João Vasconcelos Costa, intitulados Reconversão de 15/11/2006 e Professores Supranumerários de 14/11/2006, mas cada um dá o que tem... e....eu não tenho nada,... nem sequer paciência.
No entanto, não é preciso sermos economistas badalados na opinião pública para desconfiarmos que a situação financeira do país é (não é «está», é é mesmo!) muito complicada; na verdade é complicada o bastante para nos obrigar a todos a pensar, com critério e selectividade, o que poderíamos e o que deveríamos fazer, repartindo equitativamente os custos da necessária e desejavelmente rápida melhoria da oferta da rede educativa, mais especificamente a terciária - já que insistimos (a meu ver erradamente), em iniciar as limpezas e organizações indispensáveis pelos "telhados e sótãos".
A esta altura do campeonato, do meu ponto de vista, já "não vamos lá" (passe a expressão) com cartões amarelos e vermelhos, lançamentos fora de jogo, expulsões estratégicas do meio campo ou "penalties".
Exemplos? Aqui vão:
- Insistimos na multiplicação de meios para a investigação avançada não nos importando com o meio envolvente de aplicação, apesar de não parecer ser esta a linha estratégica que convém ao país, ver aqui. A insistência obstinada nesta linha, só irá alargar o fosso entre a despesa pública e as necessidades da iniciativa privada, ocasionando nos mais directos e remotos intervenientes falsas expectativas e frustração, mas....
- Efectivamente, já não basta pensarmos, decidirmos e dizermos que somos bons no que quer que seja que queiramos ser - [ver artigo de Adriano Pimpão: ""Ensino superior e desenvolvimento. Universidades e Politécnicos sempre controlaram a despesa pública e muito têm contribuído para tapar os "buracos financeiros" de outros sectores. As instituições de ensino superior constituíram nos últimos anos o instrumento mais poderoso para o desenvolvimento do País e muito especialmente das zonas mais periféricas, contribuindo de forma evidente para a melhoria da competitividade baseada no conhecimento. As empresas de base tecnológica, as empresas internacionalizadas e as instituições mais avançadas são disso provas irrefutáveis""] - seria preciso, a textos como este, acresentar a divulgação das tais provas irrefutáveis de que alguns são muito bons sim, mas terão de ser bons aonde e para quem precisariam de ser, e que as apregoadas mais-valias da intervenção são/serão também um benefício de todos e que, por isso, podem - mas só até certo ponto - valer sacrifícios financeiros, pessoais e institucionais (e, atrevo-me a dizer que esta ordem deveria ser escrupolosamente respeitada), mas ...
De resto, a mim parecer-me-ia muito melhor suspender de vez o campeonato para se rectificar a integridade da constituição da equipa escalada, verificar se deve permanecer no banco quem para lá é atirado mas, sobretudo, para estabelecer de uma vez as regras do jogo.
Por isso, ..... Priii!!!
Entretanto, meus c(r)aros leitores, não se aflijam!!! Pode muito bem ser, que eu esteja errada - da minha poltrona vejo mal o jogo, mas oiço a gritaria ocasionada por rasteiras, pontapés e caneladas... por vezes, vê-se também voarem botas em cima dos permanentes espectadores de bancada e até dos próprios "cartolas", mas...há-de melhorar!

sábado, novembro 11, 2006

Fairy-words

Ontem recebi, por mail, uma cópia *.pdf de um documento intitulado: «Cerimónia de Abertura do ano académico - Discurso do Reitor Prof. António Sampaio da Nóvoa». Como sou uma leitora obsessiva-compulsiva e também omnívora, li o discurso.
Ah! E até "achei" muito bem, desde logo, porque tinha uma grande vantagem: é curtinho, economiza a mioleira dos leitores, porque está recheado qb. de citações muito conhecidas, também recorre a uns pozinhos de terminologia própria (chavões ou de lugares-comuns) de conceitos tidos - só agora, em Portugal - como muito avançados e moderninhos, tais como "responsabilidade social", a vantagem de se "reterem os cérebros", e «patati, patátá, etc.,...».... enfim, como todos os discursos semelhantes dos nossos reitores, este também era de circunstância, e também esclarecia o povo: "A Universidade de Lisboa compromete-se a acolher e dar condições de trabalho aos melhores estudantes que venham a ser formados no "âmbito destas cooperações" (referindo-se aos acordos com o MIT e a CMU) e apressa-se a acrescentar as condicionantes do compromisso: "... o que será possível se houver um reforço efectivo das instituições universitárias"; depois, espetou extemporânea e textualmente umas farpazitas às metodologias não convencionais do MCTES (mais do que conhecidas, por todos, há pelo menos uma década) e conclui - 6 páginas depois de referir a redução do OE de 2007, os "cortes cegos", etc. , etc. - que "a sociedade portuguesa pode contar com a Universidade de Lisboa".
Depreendo agora que sim, a sociedade Portuguesa pode contar com a Universidade de Lisboa desde que lhe pague o que esta entende que lhe é devido.

Quando acabei de ler pela primeira vez o documento, coloquei um PONTO FINAL no assunto, já que não me pareceu que acrescentasse rigorosamente nada, ao que todos sabem ou, pelo menos, pensam que sabem.

Só que, comecei a ouvir, daqui e dali, elogios consideráveis ao conteúdo do referido documento, e procedentes de vários quadrantes...
Ao princípio, nem prestei atenção, mas depois desconfiei que me tinha escapado de certeza qualquer coisa importante, e fui reler. E, não é que me escapou mesmo!!!...

De facto, encontrei no texto uma originalidade, melhor uma inovação - o Senhor Reitor da Universidade de Lisboa exige (só agora???) que "as verbas a atribuir no âmbito desses programas -- (referindo-se aos acordos MIT e CMU e quejandos) nas quais «naturalmente» (mas, naturalmente, porquê??? tratar-se-á de uma condicionante institucional genética?) a Universidade de Lisboa está incluída -- que sejam objecto de concursos públicos e de uma exigente avaliação externa (independente, transparente, rigorosa)." ?!?!?!?!
Omessa?!!!?! Pasmei!
Ainda bem que este MCTES não dá ouvidos nenhuns a nada do que se diz por aí; e este caso é um paradigma do que espero que não dê confiança - porque diabo se iriam fazer (agora???) concursos públicos para se atribuírem verbas que já se sabe, pelos protocolos subscritos internacionalmente, para o que é a quem se destinam? - Só se fosse para "parecer bem" ao povoléu - tal e qual como aconteceu, recentemente, com "os concursos públicos" abertos para financiamento das OTIC e das avaliações institucionais pela EUA. Houve, nestes dois casos, alguma preocupação em publicar os critérios de apreciação em Edital? Ou nota explicativa da selecção efectuada? Não?!! Ah! Pois não. E, mais, não me lembra de ninguém se queixar, e não me lembra do Senhor Reitor se ter queixado.... e a Universidade de Lisboa, se não me falha a memória, foi beneficiada.
Se há uma coisa que este MCTES tem mesmo de muito boa, é justamente não disfarçar nada sobre o que ele quer fazer e assim, valha a verdade, pode até fazer "asneiras" mas, ao menos, não perde, nem faz perder, tempo nenhum para as executar...
Se o país quisesse de facto intervir, como deveria, na política de desenvolvimento do sistema educativo terciário, teria que jogar em antecipação e há que tempos, por exemplo:
Este MCTES:
1º- Publicou, como deveria, alguma Lei Orgânica que especifique bem as atribuições do MCTES? Não!?! Pois não! Alguém pediu contas?! Não!?! Pois não!
2º - Estabeleceu com a cooperação de todas as instituições de Ensino Superior, que objectivos teriam que ser assegurados para o sector? Não!?! Pois não! Alguém pediu contas?! Não!?! Pois não!
3º - Discutiu e definiu com todas as Instituições de Ensino Superior o que era necessário ser feito no conjunto, e o que seria espectável de cada uma? Não!?! Pois não! Alguém pediu contas?! Não!?! Pois não!
4º - Estudou com todas as instituições de Ensino Superior, como priorizar a orçamentação de todas as actividades necessárias e, em caso de insuficiência de recursos, qual o esforço extra (mesmo que fosse financeiro) que teria que ser garantido por cada uma? Não!?! Pois não! Alguém pediu contas?! Não!?! Pois não!

Então de que nos queixamos afinal? Salvo seja, de que é que se queixa agora o Senhor Reitor?
Falta de meios financeiros? Sim, deve ser disto, porque o resto, percebemos pelo discurso, que que não lhe falta mais nada.
Pois... Senhor Reitor,... então,... lá terá, como todos os outros portugueses e instituições, que ir para a fila, porque é exactamente assim que todos também pensamos.
Também sabemos que com meios financeiros à descrição - sobretudo, se forem obtidos à custa de "cortes cegos" nos outros - qualquer instituição ou pessoazinha é, em si mesmo, um portento de virtudes, capacidades intrínsecas e de magnanimidade.

Tudo mais, para mim, são "fairy-words"... um jogo de palavras!
(Fonte da imagem e do título do post - http://freegames.jumora.net/puzzle-word/fairy-words.php).

quarta-feira, novembro 08, 2006

A culpa é das botas do Gogo (1)

Não há nada como uma boa inundação para gastar o tempo, que tanto pode ser:

- Uma inundação real das verdadeiras, como as que afligem cá o meu lugarejo (transformando qualquer das nossas duas ruelas em pistas de "rafting" em águas bravias) sempre que chovem dois ou três pingos seguidos;

- Aquela outra inundação metafórica psicológica que resulta da ausência de total do senso lógico e de liderança estratégica do ensino superior português, a par da meteórica enchente de eventos dispares muito banais mas sempre, provincianamente, muito mediatizados pela nossa comunicação social e, naturalmente, muito aclamados pelos felizes beneficiados.
Para ser mais justa, terei que me lembrar também das resmas e resmas de disparates políticos e financeiros que vêm afligindo educação terciária Portuguesa, e todos os seus arredores - durante, pelo menos, as 3 últimas décadas, que muitos de nós testemunhámos com toda a complacência.
É bom reconhecer que fomos também nós que acostumámos mal todos os nossos senhores ministros e dirigentes de primeiras, segundas e/ou de enésimas águas a fazerem sempre, exclusivamente, o que lhes apetecia ou convinha.

Como é que é possível que os responsáveis máximos pela representação de instituições de ensino superior, só agora é que se estejam a dar conta dos disparates que vitimizam uma necessária e VERDADEIRA Política de Educação Terciária, mas circunscrevendo ou orientando, sistematicamente, as suas intervenções aos revezes financeiros das próprias instituições que, directamente, "dizem que governam" (ver, por exemplo, aqui, aqui ou aqui - e isto são só exemplos....)?

  • Preocuparam-se honesta e ATEMPADAMENTE, em exigir e assegurar a execução de um "cronograma físico detalhado" para a implementação do processo de Bolonha - para a GENERALIDADE do SISTEMA DE EDUCAÇÃO TERCIÁRIA EM PORTUGAL, impondo a participação EFECTIVA de um grupo de acompanhamento independente, que soubesse exactamente o que e como fazer? Não? Pois não?
  • Importaram-se em algum passo do processo com os alunos que serão, de certeza, os mais afectados? Não? Pois não?

Então agora queixamo-nos (isto é, eles queixam-se) de quê?

De serem AGORA lesados financeiramente? E aquelas outras instituições, que foram sempre passadas para trás, nos sucessivos governos?

A meu ver - e tomara que eu esteja a ver muito mal - o lado financeiro imediato da problemática da nossa educação terciária, mesmo sendo muito grave, é o que menos prejuízos irá causar a Portugal. Quando se empenha a qualidade do futuro da educação terciária dos nossos jovens, os danos podem tornar-se desproporcionados e muito fora do nosso controlo mesmo especulando-se sobre as consequências previsíveis, à luz das mais benévolas estimativas.

Entretanto, o actual MCTES está a fazer, exactamente, o mesmo que todos os outros que o antecederam, apenas o que lhe apetece e muito bem lhe convenha e, eventualmente, pode convir também a alguns outros mas não, necessariamente, aos actuais queixosos, e que só se queixam agora porque foram, por hipótese, também directamente preteridos.
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(1) "There's man all over for you, blaming on his boots the faults of his feet" - deixa de Vladimir (Didi), em "À espera de Godot" (Samuel Beckett), sobre o facto de Estragão (Gogo) se queixar do desconforto provocado pelas suas botas e de, não mais que de repente, resolver descalçá-las, sem lhe aliviar o mal estar dos pés.