domingo, maio 31, 2009

O equilíbrio de Nash na teoria dos Jogos Infernais

A elegância de argumentações é um elemento indiscutivelmente apaziguador e mobilizante em qualquer situação de conflito.
Essa pacificadora visão ressalta de uma belíssima mensagem de um Professor Coordenador do subsistema politécnico - Viriato Marques - e foi gentimente divulgada no blog do SNESUP.
O autor intitulou a descrição do seu pensamento como "ECDESP - starring John Nash", e obrigou-me a parar para pensar se ele não estaria com toda a razão - isto é, se a situação a que se chegou no ensino superior, em particular, a correspondente às propostas das reformas das carreiras, não resultaria da ausência de cooperação dos docentes - players.
Mas, é o próprio Viriato Marques que nos esclarece no seu texto que, neste preciso Jogo de Reforma do Ensino Superior, os docentes não são Jogadores são peças de jogo.
Assim, pela mesmissima Teoria dos Jogos, em abstracto, nestas condições, pouco importam as recompensas individuais, porque estas dependem somente das decisões de "outros" agentes - os verdadeiros players - cujas competências, ganâncias, lealdades e traições também integram a estratégia, o desfecho e os payoff deste jogo. E, além disso, não são todos os agentes que sabem com rigor as regras do seu próprio papel e as suas funções no jogo, e também desconhecem ou podem alegar desconhecimento sobre as escolhas estratégicas dos restantes players.

sexta-feira, maio 29, 2009

7.5 psi de segurança desde que com um...

Ora mudando de assunto (claro, depois voltarei ao mesmo...) resolvi engenhosamente um problemita (vazamento em repuxo) de controlo de pressão num tanquezinho de rega (será de rega ou de guerra?) usando os meus dotes de marcenaria e engenharia hidráulica (são imensos...) para instalar na rede uma vavulazinha de segurança, com um set point de 7.5 psi (foi a que arranjei na Cooperativa cá da terra).
Mas à cautela... depois de muita entaladela de mãos pendurei um baldinho, para os vazamentos mal resolvidos (uma pessoa prevenida...)
O conjunto ficou mesmo catita e "seguríssimo", não ficou?
Nem de propósito. Depois do esbanjamento de talentos e tão cansativa habilidade, vim ver o que se passava pela net, e tropecei (via Blogs
Universidade Alternativa e Porta do Cavalo) nesta notícia - subscrita por Barbara Wong, do Público online de ontem, na secção "última hora" - de que fiz os meus extractos:
1º - "O Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos Portugueses (CCISP) faz "uma leitura positiva da evolução" do processo de revisão dos estatutos da carreira docente e da aprovação do título de especialista. Contudo, continua à espera que a tutela lhe envie o novo articulado da proposta de revisão. "[... sublinhado meu] "
2º - "A possibilidade de criar uma terceira categoria no topo da carreira com condições de acesso semelhantes ao sistema universitário e ao politécnico é também uma boa notícia para o organismo...[...]
3º - "Os politécnicos vêem com bons olhos a possibilidade de os institutos poderem dar o título de especialista em todas as áreas profissionais."

Não digo que não sejam boas notícias de controlo da pressão institucional - são sim senhores; mas meus amigos, mesmo assim, com uma PSV destas eu vou é ver se encontro um baldinho....

Em relação, ao 1º extracto, só comento depois de EU ver a redação da contra proposta;
Em relação ao 2º extracto, realmente, para o MCTES é baratinho*, e aquietará cerca de 5 a 7% dos docentes dos politécnicos públicos (dados de 2007):
756 coordenadores (35? com agregação) para um total de 10265 docentes (2007), ou nem isso... só porque os do politécnico podem, com este expediente, ficar quase, quase mais parecidos com os "outros" do topo das universidades. Se isto for verdade, vão-se decapitar, de um só golpe, e bastante em conta, as hipotéticas más-vontades das "chefias com muitas penas" do subsistema; a maior parte destas ficará logo de seguida muito agradecida e, obviamente, caladinha.
Em relação ao 3º extracto, eu diria que ou estou muito enganada ou, se eu estivesse no lugar do ministro, era uma música lindíssima para a minha orelha... (ainda se irão lembrar disto, quando todos tivermos que ouvir, e aguentar firme, os comentários jocosos e depreciativos sobre os especialistas do politécnico).

Em relação ao resto... Por favor, socorro, alguém me arranje um baldinho.
________________
* Diferença salarial entre os dois "modelos" de coordenadores: (389,49 Euros/mês). Desta maneira, por um total anual máximo de cerca de 4,1M€ (a custos de 2007), só a pagar daqui quanto tempo? 5? a 10? anos, um subsistema inteiro agacha.
Barata a feira... Ou será só pelo hipotético, remoto e escasso "penacho"?

quinta-feira, maio 28, 2009

Círculos "paralelos" - Latitude 38°44'41.20"N X Longitude 9°10'8.79"W

Para quem está de fora parece-lhe que, em 26 de Maio, de 2009, se persiste no mau hábito de continuaram negociações sobre os Estatutos das Carreiras do Ensino Superior, em sessões sindicais paralelas no Palácio das Laranjeiras:
Parece mau? Meus caros e raros leitores, pode até ser uma boa opção:
1- Atendendo a que nem todos os docentes do ensino superior pertencerem ao mesmo cluster;
2 - Atendendo a que em nenhum dos clusters todos os docentes são sindicalizados;
3 - Atendendo a que os os erros de amostragem se reduzem aumentando o número de amostras aleatórias;
E finalmente:
4 - Atendendo a que todos os docentes de qualquer dos agrupamentos são já mais ou menos (*) "especialistas com direito a serem aureamente medalhados" na modalidade desportiva de equilíbrio em barras paralelas...
Estão a ver a lógica deste meu pensamento?
Então?
Não acham que pelo menos duplica a propabilidade para que tudo acabe, para o "universo", um pouco melhor do que se esperava ao início? Ou não fossem pessoas de Ciência os promotores-decisores das "negociações"...
______
(*) PS - este 'mais ou menos' é para combinar com o grau de precisão da metodologia das negociações.

terça-feira, maio 26, 2009

Consequências equestres

Todos nós já, uma vez ou outra, caímos do cavalo com tiradas que nem sempre são felizes - pessoalmente, se estiver para aí virada, até consigo tirar fogo da calçada com o rampão da ferradura - por isso, não liguei nada quando no dia 18 de Maio, de 2009 (e seguintes), corria pela blogosfera, e também noutras publicações, alguma consternação por causa de uma frase "solta" (há várias, e no mesmo contexto), e considerada pouco conseguida -- proferida pelo Senhor Ministro Mariano Gago durante a inauguração da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Castelo Branco -- sobre qualquer coisa, tal como, os docentes do politécnico não deverem aceitar nunca entrar pela porta do cavalo (Diário Digital/Lusa).

Pois muito bem, contas feitas, a dita frase converteu-se até numa saída muito feliz porque, no dia 20 de Maio, deu origem a um novo blog penso que colectivo e que, nestes primeiros posts, pelo menos, se vem dedicando ao ensino politécnico, com o sugestivo e engraçado nome de: PORTA DO CAVALO.
Pouca gente passa por este meu blog, mas deixo-lhe aqui um registo de Boas-Vindas e que se mantenha firme a divulgar e a ajudar a pensar no verdadeiro "parto de égua"
em que se estão a transformar os estatutos de carreiras do ensino superior, cá no nosso burgo (isto quer só dizer que todo o procedimento dos estatutos de carreira está a ser demasiado demorado, excessivamente complicado e bastante perigoso).

sábado, maio 23, 2009

"Old sins cast long shadows"

"Old sins cast long shadows" é um ditado que intitula este post, não só porque me tenha decidido tardiamente a desenterrar o artigo 17º do RJIES [1], dedicado a "consórcios" mas porque me é útil rever, agora, a raíz de alguns conceitos que desconsiderei nos momentos adequados, e que só muito tempo depois, verifico que me teria dado jeito ter compreendido melhor, na altura certa.

Se tivesse prestado mais atenção. tinha obrigação de já me ter apercebido da forte analogia entre as inter-relações ecológicas de sistemas biológicos e as inter-relações humanas [2 - ver nas referências: Informação importante...] e, em consequência, as relações inter-institucionais, referidas no RJIES, entre outras e, por exemplo, nos consórcios, e que como tudo o mais, deste documento, tem interpretações totalmente livres exigindo uma elevada consciência cívica (que não é o nosso forte) para não resvalarmos, à posteriori, para o nosso já proverbial "atropelamentismo" & fuga, e a inevitável consequência: "isto" É mesmo SÓ meu porque EU VI PRIMEIRO...
E, é assim:
1 - se posso tentar compreender, razoavelmente, a ideia de consórcios como os imaginados pelos Universidade Nova de Lisboa, Institutos Politécnicos de Setúbal e Santarém para Lisboa e Vale do Tejo (bem pré-RJIES, em 19/12/2005, aqui), com base numa hipotética inter-relação comensalista, bem como os potenciais consórcios simbióticos/sinergéticos entre a Universidade de Lisboa e Instituto Politécnico de Lisboa (a ULISBOA não lecciona Engenharias "duras") ou o da mesma universidade com as Escolas de Enfermagem (estas não propriamente enquadradas em nada, a bem dizer, "à solta") pelos mesmíssimos motivos;
2 - Também posso entender a TENTATIVA de compreensão do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos (aqui) porque poderia, em seu entender, ambicionar -- se cumprissem um hipotético "riscado" racionalizante -- um utópico financiamento adicional...

3 - Já tenho muita dificuldade em perceber uma opinião do MCTES (será já uma coisa ultrapassada e velha?) - aqui: a criação de verdadeiros consórcios de Institutos, construindo centros integradois de decisão, resolvendo a oferta formativa à escala das regiões, está na ordem do dia e urge ser concretizada a curto prazo. O mesmo se dirá de consórcios entre Universidades, ou de instuições de investigação mas não agregados aberrantes de uma Universidade com um Politécnico, deixando desde já claro [...; "bold" meu].
Como será esta última concepção de consórcio?
Parece que, dependendo do sistema de controlo, uma consorciação como essa pode acabar em quê? Sincrética? Predatória? ou, na melhor das hipóteses, como quase tudo o resto, não servir rigorosamente para nada, ficando-se por um simples, e quase sempre muito ruidoso, cat-mouse game.
:
4 - E porque existem também interesses económicos em jogo, sem jurisdição devidamente acaulelada, por precaução, seria importante regulamentarem-se esses tais consórcios previstos no Artigo 17º do RJIES, para se contornar a nossa irresistível atracção por concorrência desleal, tal como sucede quando se confundem parcerias com parasitismo, do tipo: "A Coca-Cola é o melhor refrigerante para enfrentarmos o calor, e nós somos os melhores para enfrentar o frio" cobertores polar.- Ainda explicarei esta ideia um pouco melhor [4].
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Referências:
[1] - RJIES (extracto da LEI 62 de 2007, de 10 de Setembro de 2007, aqui )
Artigo 17.º
Consórcios
1 - Para efeitos de coordenação da oferta formativa e dos recursos humanos e materiais, as instituições públicas de ensino superior podem estabelecer consórcios entre si e com instituições públicas ou privadas de investigação e desenvolvimento.
2 - Os consórcios a que se refere o número anterior podem igualmente ser criados por iniciativa do Governo, por portaria do ministro da tutela, ouvidas as instituições.
3 - As instituições de ensino superior público podem igualmente acordar entre si formas de articulação das suas actividades a nível regional, as quais podem ser também determinadas pelo ministro da tutela, ouvidas aquelas.
4 - Os consórcios e acordos referidos nos números anteriores não prejudicam a identidade própria e a autonomia de cada instituição abrangida.
5 - Desde que satisfeitos os requisitos dos artigos 42.º e 44.º, o Governo pode autorizar a adopção pelos consórcios referidos nos números anteriores, respectivamente, da denominação de universidade ou de instituto politécnico.
[2] Referências entre muitas outras (aqui) importantes para, na minha perspectiva, avaliarmos melhor este tema - Cardioid Attractor Fundamental to sustainability. 8 transactional games forming the heart of sustainabe relationship (aqui, especificamente considerado).
[3] Denis Borges Barbosa. 2009.
Parasitismo (publicação *.ppt de 2006)
[4] William N. Fox. 2009. Resolving Opposing Political and Economic Ideiologies. Mutualism vs. Parasitism (aqui).

terça-feira, maio 19, 2009

Uma luzinha passageira

Revisão dos Estatutos das Carreiras Docentes do Ensino Superior Politécnico e do Ensino Superior Universitário - texto do MCTES .

O texto do MCTES é já antigo (12-05-2009) circulou por todos os lados, mas o quadro de intervenção, no ambito de disponibilização-utilização nacional de doutorados é o que se segue.
O que acontecerá ao crescente superávit de doutorados?... Em 2006, as empresas não absorviam senão cerca de 2 centenas. O que é certo é que o tanque de balanço possibilitado pelo politécnico está agora com uma moratória de 6 anos... E, hoje, ainda não vou falar de especialistas!
Nunca se incluem nestes textos as condições exactas para a preparação de progressão de carreira ... Estranho não?
Os reformados surgem agora mais de mansinho, e dos "turbo-docentes" não se sabe bem o que acontecerá; se calhar, é para ficarem tal e qual nos textos definitivos...
Recebi também por mail, uma Newsletter do Sindicato Nacional do Ensino Superior, da qual extraí o seguinte:
"
UMA ESPÉCIE DE PROCESSO NEGOCIAL
Uma primeira reunião - 22 de Abril - em que se firma um calendário - 22 de Abril, 6 de Maio, 12 e 13 de Maio, 20 de Maio - e se fala de generalidades. Uma segunda reunião - 6 de Maio - em que se pretende impor a ordem pela qual o interlocutor irá, nessa reunião e na reunião seguinte, apresentar as suas propostas, e se recusa qualquer compromisso quanto à data de divulgação de novo texto do Ministério. Uma terceira reunião - 12 de Maio - em que se informa que afinal já há posição do Ministério, que essa reunião já não irá servir para grande coisa, e que as seguintes estão canceladas.

Uma extrema opacidade sobre o que as associações sindicais propõem de facto em cada reunião - só o SNESup divulgou as suas propostas - e a passagem para a opinião pública por parte do MCTES e não só de que só se discutiram regimes transitórios e que o articulado das propostas de Estatuto não levanta problemas, quando, pelo menos em relação ao nosso Sindicato, não é assim.
Uma recusa persistente em divulgar elementos que o SNESup requereu e que o MCTES afirma servirem de fundamento às suas novas propostas.
A divulgação de um documento quase final baseado em duas reuniões - que deixa perceber não haver vontade de corrigir insuficiências graves ou mesmo formulações inconstitucionais das propostas de revisão de Estatutos de Carreira - e uma entrevista de Mariano Gago à televisão, no dia da concentração que promovemos junto ao Ministério, em que afirma já não ter mais a ceder.
Será a partir de um processo negocial desta natureza que se podem construir Estatutos para os próximos 20 / 30 anos? Não contem com o nosso silêncio, muito menos com o nosso acordo."
________________
Com estas conversas aos saltinhos e avulsas "tipo negociação aos soluços", parece que o SNESUP terá toda a razão - O problema não está a ser encarado de forma integrada o que torna as soluções muito perigosas. sobretudo, se forem pensadas para anos e anos...! Nestes tempos?

domingo, maio 17, 2009

Não sei se estarei bem, nem aqui....

Diz-me a minha lógica, simplória mas irrebatível, que as leis precisariam de acompanhar o nível de civilização de quem as acolhe porque, se isso não acontecer, é a própria civilização que regride.
Claro, meus caros e raros leitores, como vem sendo hábito, estou- lhes a falar do RJIES, hoje, não tanto do RJIES em si, mas de algumas das suas inevitáveis consequências - as palermices institucionais extremamente prejudiciais a quem, por obrigação ou por más escolhas, tenha que com elas conviver..., e oriundas de quem, garantidamente, não merece a liberdade viabilizada pelo recurso à elementar ética institucional ou simples bom senso.
Falo-vos, com toda a franqueza, não sei como se admitem situações como estas que são descritas aqui, aqui e aqui sem que se dê um murro na mesa (um murro poupa bastante energia - só se accionam 4 músculos, enquanto que franzir os sobrolhos mobiliza 32...) e se berre "BASTA! Respeitem os outros, já que não sabem ou se recusam a respeitar a si próprios".
O RJIES, como alíás tudo o que vem daqueles lados, é tão somente uma papelsada extensa, atrapalhada, mal acabada, confusa e ambígua; por outro lado, quem aprovou os estatutos das instituições de ensino superior, pelo menos os de algumas, também devia estar com outras valentes preocupações e, se calhar, mais relevantes, por isso, não deu fé das manhas e incongruências...
A verdade é que, como resultado da aplicação baralhada Lei do RJIES, são os "cargos" que regulam a autoridade e não esta que os baliza. Pode ser tudo muito legal, mas não inviabiliza figuras tristes.
No caso em pauta, nem se pode dizer que quem vier atrás feche as portas... porque, automaticamente, as portas estão fechadas para quem precise de entrar mantendo-se abertas para quem, por simples razões de ética, precisaria de sair para o bem de todos, e o que é certo é que, no processo, entala todos os outros.
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PS - Aos meus olhos, é totalmente irrelevante averiguar quem terá ou não razão nos tribunais, o que eu gostaria muito de saber é, exactamente, quem pagará as custas destes processos e providências cautelares todos, bem como os atrasos institucionais, perdas de tempo e de recursos caros ao país, e também gostaria de escrutinar quando e quem se responsabiliza NOMINALMENTE pelos serviços públicos que deveriam de estar a ser, prozaicamente, garantidos no dia a dia e que, nestas circuntâncias, não podem ser prestados com a tranquilidade e qualidade que seria recomendável e merecida pelos cidadãos que por eles pagam.

quinta-feira, maio 14, 2009

AUCTIONS - Bids CLOSED!

Estou de volta, e ainda às voltas, das "negociações da carreira" e do meu sentimento de que isto está mais para o leilão-remate do que para resolver uma das questões mais sérias do sistema educativo português -- servem bem para exemplificar o "problemão", a(s) proposta(s) e contra-ditas da carreira dos docentes do politécnico.
Vendo a Tabela Síntese (lá em baixo), é caso para questionarmos: Então mas em que é que "nós fiquemos"?
Eu li, em qualquer lado que o Senhor ministro disse que os números - já não sei qual a ordem da proposta a que se reportava - são meramente indicativos.
Os números serão balizantes sim mas, o ramo deste "negócio" é o futuro de pessoas - pessoas gente. Assim, antes de se fecharem as apostas de quem dá mais e quem dá menos, convinha ou não perceber-se bem o impacte dos números na vida das pessoas todas afectadas - alunos incluídos, se não for exagerada esta ambição?.
Já agora, mantêm-se os reformados que, enquanto descansam merecidamente, vão ser considerados como verdadeiras assombrações da vida do pessoal no activo. A prolongar-se esta situação indefinida, muitas das pessoas aposentadas acabarão vindo lá do outro mundo só pelo gosto de fazer BUH! e torcer, com vontade, os dedões dos pés ao Senhor ministro. EU VENHO!
E os turbos são também para manter no articulado? Desculpem insistir, mas quem paga os custos marginais das correrias desses hiper-docentes que irão trafegar em órbitas de inter-escolas, inter-politécnicos, inter-consórcios*...
Razão tem a FNE em questionar sobre tempos de docência. Porque do jeito que isto tudo foi bem pensado, não chegarão dias de 24 horas para atender as encomendas da docência no politécnico... Mas, sempre se pode recorrer às noites desses dias, não é verdade? Em alguns casos, meus caros e raros leitores, garanto que esta alternativa já não é figura de retórica.


Da tabela seguinte, por favor, haja a caridade de se comunicar aos outsiders da negociação, qual das situações, a 1 ou a 2, é para "fechar"?







Quando é que os negociadores, em pauta, pensam que se voltam a rever estes estatutos?
Como é que estes estatutos de carreira Universitária e Politécnica se articulam com os Estatutos de Bolseiros e com os Estatutos dos Investigadores da FCT?

________________________
* Esta outra "coisa dos consórcios" vai ser tema de um próximo post.

segunda-feira, maio 11, 2009

stir-up

Um destes dias discutia (no bom sentido) acaloradamente com uma pessoa amiga sobre adequação das qualidades das pessoas para a execução de trabalho (como conceito genérico) e quando eu disse que, para mim, um bom profissional era quem executasse bem o que precisasse fazer para cumprir o que lhe fosse pedido, ou até o seu próprio propósito, o meu interlocutor rematou o assunto quando peremptório declarou: Muito bom, ou mesmo excelente, só é aquele que nem sequer executa o trabalho que está suposto fazer, e nem os próprios "propósitos" (e enfatizou os "propósitos")...

Calculem, os meus caros e raros leitores que, só hoje, passados 15 dias dessa conversa amaluquecida, é que entendi bem o significado premonitório daquela estranha afirmação.
Ora vejam:

A actual tutela do Ensino Superior Público não cumpriu, minimamente, o programa para o sector do governo a que pertence, basta ler o que por lá é dito e repisado e, depois, o que tem sido feito. Não concordam?
Então, por favor, recordem-me lá de uma única "promessa" que tenha feito ao povão, que tivesse sido cumprida...
........
Vá lá, meus amigos, estou à espera...
.......
Ainda estou à espera....
.......
Recordatória dos feitos do MCTES:
Incompatibilizou subsistemas politécnicos e universidades e, dentro dos subsistemas, e dos sub-subsistemas nem sequer é bom falarmos - os dois subsistemas não percebem os resultados finais de tanto alarido e confusão.
Pegou no pé dos alunos que, junto com o país e as próximas gerações, são as verdadeiras vítimas das reformas 'modernaças' que cisma ter empreendido (com grande rasgo e visão).... Perguntem aos estudantes o que pensam dos resultados desta política educativa...
Agora, que se chegou o esplendor da sua política às carreiras dos docentes, está "cândida" e separadamente a criar e a promover casos entre os sindicatos, coisa que ainda ninguém por cá, tinha visto (ex.:Sindicatos queixam-se de falta de clareza ...., FNE defende que professores não podem ser prejudicados; Professores equiparados terão tempo para se qualificarem, garante ministro).
Por exemplo, o Senhor Ministro nem se envergonha de não explicar, sem margem para interpretações ambíguas, os SEUS objectivos para o subsistema politécnico, insiste que quer lá Doutorados mas quer pagar-lhes poucochinho.... e passa com impressionante ligeireza de 30 a 70 % (ou vice-versa, conforme as plateias) de docentes da carreira para fora, ou ao contrário, num simples estalar de dedos...
Só concordo com o MCTES quando nos diz que será bom os docentes terem noção das realidades (os do politécnico, claro, porque os outros não precisam disso, podem ver a realidade quando... quando puderem... ou nunca sequer a chegar a ver, se assim entenderem...); eu diria mais, não faria nenhum mal ao país que também alguns ministros descessem, de vez em quando, das nuvens à terra.

É seguindo esparsamente alguns dos ensinamentos de Maquiavel ao Príncipe, que o MCTES vai enrolando as opiniões de toda a gente para fazer, exclusivamente, o que muito bem lhe parece e, somente, o que e quando lhe apetece.

"Os fins justificam os meios", "dividir para reinar", "os que vencem, não importa como vençam, nunca conquistam a vergonha" e "que os homens ou são aliciados ou aniquilados"...

Meus caros e raros leitores.
Ninguém, ao que julgo saber, ainda ganhou nada de nada no sector da Educação Superior mas, eu não tenho dúvidas, temos um ÓPTIMO MCTES!

STIR-IT-UP!

sábado, maio 09, 2009

É para ver "isto" melhor

Tenho ouvido dizer que existem profissões mais perigosas e viciantes do que ser-se vítima de drogas duras; nunca pensei que a docência do ensino superior pudesse pertencer a esse cluster, mas há circunstâncias que indiciam essa estranha possibilidade e, no caso do agrupamento se tratar do ensino superior publico politécnico, em Portugal, então é uma prova irrefutável dessa hipotese.
Na ausência de quem publicasse uma breve descrição sobre a aberrante situação do politécnico, em resultado da hipotética investida de reformas das carreiras deste nível de ensino; só agora é que percebo porque ninguém diz nada, que não seja protestar. Não se pode dizer nada, porque ninguém percebe o que se está a passar. O subsistema politécnico tinha (em 31 de Dezembro de 2007) a estrutura que se sintetiza no quadro seguinte:

O corpo docente é então dominantemente constituído por pessoas em dedicação exclusiva e ou em tempo integral, e com formação inicial ao nível de mestrado, como determina actualmente a legislação...

Não se percebe porque deve tudo começar do zero, em que haverá concursos abertos para a eles concorrerem doutorados ou especialistas.

Mas se é para começar do zero, começo eu com a seguinte pergunta:
O ensino politécnico está realmente pensado, pela tutela, para servir para alguma coisa?
Se não serve para nada, o caso está resolvido.
Se sim, dentro do ensino superior, terá que servir para alguma coisa específica diversa das universidades. Porque se for para fazer a mesma coisa, pois que a carreira seja IGUAL!
Se não é para fazerem o mesmo, então realmente as respectivas carreiras terão que ser diferentes. Até aqui parece ligeiramente pacífico.
Mas, para as carreiras serem diferentes, implica a constituição de um corpo docente diferente, mas que tem que existir, ou não precisa de existir?
[Se calhar não tem que existir, atendendo à inexistência de ressarcimento financeiro da complicadíssima, consumidora de tempo e de paciência, leccionação de CETS e de outros públicos-alvo diferenciados. Logo aqui, presuporia que a avaliação desses docentes fosse efectuada com base, por exemplo, na preparação de textos de apoio e material didático devidamente adaptado, e na organização sistemática de ensino teórico-prático e prático, que, para bem dos formandos, terá que evoluir rapidamente para os requisitos actuais das correspondentes especializações; mas nunca podemos esquecer que essa formação actualizada vai partir de uma amarração de conhecimentos dos alunos, a um nível de quase ground zero]
.

No entanto, exige-se para os docentes do politécnico ou o doutoramento ou ser-se especialista, e ainda fazer uma classe de investigação "orientada" (que ningém sabe o que é) - definida pelas direcções das instituições? - é isto, ou percebi mal?..., - cujo "tipo" e definição foi tirada, a meu ver, da surrealista imaginação da actual equipa ministerial, e - para os coitados que estavam em progressão, ou mesmo a meia dúzia de anos do fim da ACTUAL CARREIRA -- tudo isto terá que ser feito num piscar de olhos.
Com se isto não bastasse, incluem-se no texto sobre a carreira do Ensino superior e também do politécnico os reformados, para as tarefas habituais das pessoas da carreira. Mas a que propósito?
[Gostava de lembrar aqui que reformado será o indivíduo que SAIU DA CARREIRA ou porque atingiu o limite de idade ou de tempo de serviço, ou porque justificou invalidez perante uma junta médica ou ainda porque houve motivos indiscutíveis para a sua reforma compulsiva. Com todo o respeito pelas pessoas, mas em qualquer dos três casos um reformado(a) saiu da carreira e, se saiu da carreira tem certamente muito mais o que fazer para lhe ocupar o tempo, por isso, não se percebe porque tem que ser repescado e especificar-se-lhe por escrito o que pode ou não fazer, no Estatuto de Carreira dos outros que, por lá, precisam e querem andar].

Isto, também para não falar que se atirarão para fora da carreira do politécnico*, 70% dos professores supostamente necessários, enquanto se dá agora guarida legal aos futuros ubíquos turbo-docentes do politécnico, que podem e devem prestar os seus inestimáveis e insubstituíveis serviços aqui, ali ou lá, consoante quem decide. A propósito, quem decide, e com base em quê? Quem paga, e como se pagam os custos marginais deste modelo de trabalho ao «prestativo» e magistral one-man's-band?

__________________________
A tabela seguinte mostra com mais pormenor a síntese do que se passa em diferentes instituições politécnicas com informações no REBIDES2007. Como se vê, há politécnicos e politécnicos, melhor, há escolas e escolas e, dentro destas, bom.... o melhor é não querermos mesmo saber...


quinta-feira, maio 07, 2009

Vou partilhar a descarga dos "negativos"

Meus caros e raros leitores não comecem logo por pensar que "lá vem esta paranóica..."; isto, simplesmente, porque há quem tenha a teoria que o facto de uma pessoa ser paranóica, não inviabiliza que seja perseguida; e paranóica ou não, sendo cidadã nacional estou a ser perseguida, e sempre que possível retribuo os privilégios que me concedem, com juros e a devida correcção monetária. É assim:

Tenho pago regularmente os meus impostos na expectativa que estes, mesmo que modestamente, contribuam para o aperfeiçoamento contínuo, por reformas adequadas, da justiça, saúde, segurança em geral, etc., etc., .... e educação, que também inclui, até ver, a educação superior.
Pessoalmente, por principio, sou SEMPRE favorável a reformas e, embora não o pareça, tive esperanças contidas na reforma da educação superior. Sou mesmo, TOTALMENTE, favorável a reformas desde que estas sejam planeadas, propostas, discutidas, negociadas, definidas e implementadas, por intervenientes que me assegurem que saibam o que andam a fazer. E aqui, está o caldo entornado.

Por exemplo, ainda não atinei porque é que os sindicatos insistem em pedir ao MCTES informações estatísticas sobre o Politécnico, quando essas informações [embora consumindo tempo e paciência] estão disponíveis online (aferidas a 31 de Dezembro de 2007), as de 31 de Dezembro de 2008, está o GPEARI a tratar.

Vou tentar demonstrar, e por favor, experimentem:

PASSO 1
________________________________________

Clicar em:

http://www.rebides.oces.mctes.pt/rebides07/

PÁGINA QUE APARECE:

Lista de Pessoal Docente ao abrigo do Decreto-Lei n.º 15/96, de 6 de Março

Informação relativa a 31/12/2007

Consulta Por Instituição:

Ensino Superior Público

Ensino Superior Público Universitário

Ensino Superior Público Politécnico

Ensino Superior Público Militar e Policial

Ensino Superior Privado

Ensino Superior Privado Universitário

Ensino Superior Privado Politécnico

PASSO 2

SE CLICAREM em Ensino Superior Público Politécnico

PÁGINA QUE APARECE:

Lista de Pessoal Docente ao abrigo do Decreto-Lei n.º 15/96, de 6 de Março

Informação relativa a 31/12/2007

ENSINO SUPERIOR PÚBLICO POLITÉCNICO

Instituto Politécnico de Beja - Escola Superior Agrária de Beja

Instituto Politécnico de Beja - Escola Superior de Educação de Beja

Instituto Politécnico de Beja - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja

Instituto Politécnico de Beja - Escola Superior de Saúde de Beja

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave - Escola Superior de Gestão

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave - Escola Superior de Tecnologia

Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior Agrária de Bragança

Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Educação de Bragança

Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança

Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Mirandela

Instituto Politécnico de Bragança - Escola Superior de Saúde de Bragança

Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior Agrária de Castelo Branco

Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior de Educação de Castelo Branco

Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior de Tecnologia de Castelo Branco

Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova

Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco

Instituto Politécnico de Castelo Branco - Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias

Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra

Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior de Educação de Coimbra

Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra

Instituto Politécnico de Coimbra - Instituto Superior de Engenharia de Coimbra

Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital

Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra

Instituto Politécnico da Guarda - Escola Superior de Educação da Guarda

Instituto Politécnico da Guarda - Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda

Instituto Politécnico da Guarda - Escola Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia

Instituto Politécnico da Guarda - Escola Superior de Saúde da Guarda

Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Educação de Leiria

Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria

Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha

Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Tecnologia do Mar de Peniche

Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Saúde de Leiria

Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Educação de Lisboa

Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa

Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Música de Lisboa

Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa

Instituto Politécnico de Lisboa - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa

Instituto Politécnico de Lisboa - Instituto Superior de Engenharia de Lisboa

Instituto Politécnico de Lisboa - Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa

Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior de Educação de Portalegre

Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Portalegre

Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior Agrária de Elvas

Instituto Politécnico de Portalegre - Escola Superior de Saúde de Portalegre

Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Educação do Porto

Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo do Porto

Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão

Instituto Politécnico do Porto - Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto

Instituto Politécnico do Porto - Instituto Superior de Engenharia do Porto

Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras

Instituto Politécnico do Porto - Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto

Instituto Politécnico de Santarém - Escola Superior Agrária de Santarém

Instituto Politécnico de Santarém - Escola Superior de Educação de Santarém

Instituto Politécnico de Santarém - Escola Superior de Gestão de Santarém

Instituto Politécnico de Santarém - Escola Superior de Desporto de Rio Maior

Instituto Politécnico de Santarém - Escola Superior de Enfermagem de Santarém

nstituto Politécnico de Setúbal - Escola Superior de Educação de Setúbal

Instituto Politécnico de Setúbal - Escola Superior de Tecnologia de Setúbal

Instituto Politécnico de Setúbal - Escola Superior de Ciências Empresariais de Setúbal

Instituto Politécnico de Setúbal - Escola Superior de Tecnologia do Barreiro

Instituto Politécnico de Setúbal - Escola Superior de Saúde de Setúbal

Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior Agrária de Ponte de Lima

Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Educação de Viana do Castelo

Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viana do Castelo

Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Ciências Empresariais de Valença

Instituto Politécnico de Viana do Castelo - Escola Superior de Enfermagem de Viana do Castelo

Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Educação de Viseu

Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Tecnologia de Viseu

Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior Agrária de Viseu

Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego

Instituto Politécnico de Viseu - Escola Superior de Saúde de Viseu

Instituto Politécnico de Tomar - Escola Superior de Gestão de Tomar

Instituto Politécnico de Tomar - Escola Superior de Tecnologia de Tomar

Instituto Politécnico de Tomar - Escola Superior de Tecnologia de Abrantes

PASSO 3

SE CLICAREM EM qualquer das instituições obtêm uma tabela nominal por docente, com toda a informação que precisam, sobre contratos (aferida a 31 de Dezembro de 2007).

Tem erros? Tem sim senhores, bastantes, mas é melhor do que não termos nada.
Dá trabalho, a gente sua..., Dá sim senhores, e suamos as estopinhas, mas o que podemos fazer?

Penso é que se os Sindicatos insistirem que não existem informações e não tratarem de extrair e sistematizar as que precisam, de entre as facilmente disponíveis, e se o Ministro não lhes responder porque, naturalmente, não iria maçar-se com uma coisa que, na sua opinião (e que não é só dele) não existe, o que poderão as almas do par Sindicatos-Ministro andar a negociar, dias a fio?

Por isso, eu trouxe um pneuzinho; quando eu me enfezo, dou umas biqueiradas com calçado de ponteira metálica, num pneu, e sinto-me melhorzinha, mas eu empresto o pneu a quem precisar...

segunda-feira, maio 04, 2009

Artesanando a economia

Num país como o nosso, justamente, porque não entendo nada de economia ou de vinho e seguindo, quiçá, os exemplos que vêm do "alto", também me sinto perfeitamente habilitada para "falar" de uma coisa e da outra...

Ora, aqui vão dois palpites avulsos:

1- Identifico-me, totalmente, com o sentimento do Presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, quando na última 6ª feira, depois de dizer que a crise nasceu nos países de pessoas loiras e de olhos azuis, ainda afirmou que desta vez a turbulência foi provocada por pós-graduados das nações desenvolvidas, porque sabiam tudo quando a crise era na Bolívia, no Brasil e na Rússia, mas que não sabem nada quando a crise é no quintal deles. (ver aqui).
Esqueci de vos dizer que esta afirmação, foi dita durante um evento importantíssimo para o Brasil - a confirmação da possibilidade exploração económica de crude num extensa camada de pré-sal (ver figura abaixo) durante o qual Lula da Silva defendeu a Petrobrás, contra a necessidade de se criar uma nova empresa estatal paraa exploração da camada pré-sal classificando de - ´inusitada´ a polémica em torno da criação de uma nova estatal para gerir o petróleo do pré-sal e descartou a medida: ´Seria como se eu acordasse um dia e dissesse que minha mãe não presta mais e quero outra. Isso não existe. Mãe é única e a Petrobrás é a mãe da industrialização deste País´ (aqui).
Se isto tudo se tivesse passado entre nós, a Petrobrás teria sido já, discreta e estrategicamente, remetida para canto e, em seu lugar, instalar-se-ia uma outra coisa qualquer desde que mais espampanante ou sofisticada e cara, mas bem menos eficiente...
Por ser, de facto, uma guerra, com mais de três décadas, só agora vencida, o Brasil, a Petrobrás e o seu inteligente e hábil Presidente merecem ter tido essa, chamemos-lhe, de sorte.

2 - Entretanto, bem mais perto dos nossos fusos horários, o ardido e pessimista encartado, Medina Carreira concedeu mais uma das suas abrasivas entrevistas ao Correio da Manhã (aqui). Pois... e, como sempre, para mim, ele tem toda a razão.
Neste nosso país de bom vinho e má economia pessoas como ele são inoportunas e incomodativas...
Fico sempre à espera que os nossos optimistas malignos se lhe oponham, à sua altura, mas parece-me ser apenas só mais uma das minhas esperanças inglórias...
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Reuters News. 01 Mai 2009 - Economia internacional, Lula: líderes de países ricos não têm resposta à crise


domingo, maio 03, 2009

"Just learning"

Fiquei admiradíssima, nem o reconheci!
Arrisco a injustiça de extrapolar que a sua gestão anterior, antes e depois do RJIES, também à frente dos destinos da Universidade de Lisboa, foi apenas um "training period" - que, por sinal, lhe surtiu um valor acrescentado substancial. O processo de eleição (quasi) internacional e também, pelos vistos, o arejamento proporcionado pelo actual Conselho Geral fizeram-lhe muitíssimo bem!

Com um pensamento, a meu ver, totalmente lógico e consequente, numa entrevista que concedeu à Jornalista Madalena Queirós, publicada pelo Diário Económico, em 28 de 04 de 2009, o actual reitor da Universidade de Lisboa transfigurou-se! Nem sequer tocou naquela sua referência aberrante e mal digerida do financiamento competitivo, que ele tanto queria, e também vai esquecendo que precisava de dinheiro para contratar jovens valores para a sua universidade, sem nunca referir exactamente se esses jovens valores seriam ou não formandos da sua própria instituição.
Mas tudo isso, para mim, são águas repassadas (ver referências)....
Porei, formalmente uma, pedra sobre este assunto; pedra essa que fica aqui, mas que passará para a fisga, se o Senhor Reitor também voltar a ser vítima de uma recidiva.

Mas, em relação à sua opinião, de 28-04-2009, concordei com (quase) tudo o que este senhor disse, em especial, com os seguintes pontos: Temos de juntar dimensões politécnicas e universitárias, instituições de ciência e outras entidades. Este objectivo está no programa do governo onde se consagra a necessidade de 'garantir um relacionamento estreito entre os subsistemas universitário e politécnico'." Depreendo que este "relacionamento", para este reitor, não pressupõe imitações mútuas, de ambas as partes, nem inclui que ficará, exclusivamente, ao critério da reitoria decidir quem faz o quê, e que a separação das águas se vem mesmo a concretizar, superiormente, um dia.

E à pergunta, sobre se carreira não é uma das peças essenciais para alterar o modelo, respondeu:
Claro. É a peça essencial. No meu entender havia três pontos fundamentais: reorganização da rede do ensino superior, e sobre isso fez-se muito pouco; alterações ao Estatuto da Carreira Docente Universitária, e ao fim de mais de quatro anos surge um texto que tem algumas alterações positivas, mas pouco mais; e financiamento do ensino superior, que não foi alterado.

Em relação a tudo o que o Senhor Reitor disse, nesta específica entrevista, tem mesmo razão, porque de facto não se fez a reorganização da rede de ensino superior, mas muito menos se fez a orçamentação dessa reestruturação e é, por isso, que ninguém sabe muito bem o que anda a fazer, e sobretudo, nem quanto esta "pré-reforma" (ou reforma Humpty Dumpty) nos custará, realmente, não só do ponto de vista financeiro, mas também as demais externalidades.
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Referências:

http://economico.sapo.pt/noticias/ensino-superior-deveria-voltar-ao-ministerio-da-educacao_9097.html
http://polike.blogspot.com/2007/12/canja-de-galinha-para-o-farnel-do.html
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diario_economico/edicion_impresa/economia/pt/index.html
http://polike.blogspot.com/2006/11/fairy-words.html

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Só duas duvidazinhas na entrevista:

1) Porque andou a UL a oferecer a Língua Portuguesa pelo remoto Oriente, enquanto constata que Portugal está a perder a batalha de Angola e Moçambique?
Foi uma actividade solicitada e financiada, directamente, pela China e Índia, porque esta formação lhes fazia mesmo falta, ou foi apenas uma iniciativa repentista da Universidade de Lisboa, só porque foi financiada pela Fundação do Oriente?
É que, o que eu "acho", por exemplo, sobre êxito da Universidade de Lisboa, àcerca do Instituto Confúcio, depende muito desta resposta.

2) Quanto aos seus 50% de receitas privativas, tê-los-á, tal como o IST - única instituição nessas condições financeiras, exactamente na altura, em que também ganhar do Governo encomendas de projectos, estudos, solicitação de pareceres, etc... Penso que já lhe faltou mais, para isso.